Por que toda a cadeia do etanol parece estar a beira do colapso?

Neste momento em que encontra tanta dificuldade para funcionar direito, em tanta coisa e em tantas áreas, o Brasil bem que poderia felicitar a si mesmo em uma questão crítica para a economia de qualquer país do planeta — a produção da energia destinada a movimentar sua frota de quase 40 milhões de automóveis.

Temos, aí, uma situação excepcional. Graças ao álcool, e em cima de uma tecnologia produzida internamente, o Brasil faz parte do restrito e privilegiado círculo de países 100% independentes, para todos os efeitos práticos, na geração dos combustíveis que fazem rodar os seus carros.

Salvo no caso dos veículos importados, o país não precisa, a rigor, de um único barril de petróleo para abastecer o tanque dos automóveis que circulam em seu território. Não depende, aí, de importações vindas de produtores problemáticos e subordinadas a um mercado instável.

Ao contrário, pode exportar os excedentes do petróleo que produz aqui dentro — seja em estado bruto, seja na forma de combustíveis processados em suas refinarias. A frota nacional de carros praticamente dobrou nos últimos dez anos. Onde estaríamos hoje sem o etanol que a mantém em movimento?

Trata-se, além do mais, de uma situação altamente segura quando se fala em capacidade de produção. As culturas de cana, de onde vem o álcool, ainda têm um imenso espaço físico para crescer — levando-se em conta, entre outros fatores, que o conjunto da agricultura brasileira ocupa no momento cerca de 20%, apenas, do total de terras que podem ser exploradas para a produção.

Ao mesmo tempo, as usinas onde a cana é transformada em etanol e açúcar podem se expandir até onde a vista alcança; já poderiam, por sinal, estar processando o dobro de toneladas que processam hoje. Os dividendos que o Brasil extrai desse processo todo, na verdade, vão muito além da questão energética e da independência na produção de combustíveis.

As tecnologias desenvolvidas para a expansão dos canaviais, um setor historicamente classificado como um dos mais primitivos da economia brasileira, são hoje uma ferramenta ultramoderna no conjunto da agricultura. Os postos de trabalho criados na área, do plantio às usinas, são um dos esteios do mercado de trabalho do interior.

Informação de: Exame

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