Energia eólica residencial para classe média

Aerogeradores residenciais.

O professor de planejamento energético da Coppe/UFRJ e sócio da Enersud, Maurício Arouca, defende que o crescimento da classe C é a oportunidade para popularizar a energia eólica residencial – assim como outras formas de geração distribuída. O engenheiro afirma que esse processo já ocorre na China, que é a maior fabricante de painéis solares e turbinas de pequeno porte do mundo. “O consumo da classe baixa varia de 60 a 100 kWh/mês. Na classe média, já vai para 200, 300 kWh/mês. É só olhar a diferença para saber o tamanho desse mercado”, afirma Arouca.

Nos últimos oito anos, quase 40 milhões de pessoas entraram na classe média no Brasil. Junto com o aumento do consumo de produtos e serviços, cresceu também a demanda por energia. Em abril, a EPE alertou para o fenômeno, apontando o surgimento de 8 milhões de unidades consumidoras nos últimos quatro anos, das quais 6,6 milhões na faixa acima de 200 kWh/mês.

“Na Europa e nos Estados Unidos, o mercado da eólica residencial é a classe alta, e o atrativo é cultural, ter uma fonte de energia limpa em casa. No Brasil, não precisa desse apelo, porque pagamos tarifas residenciais de R$ 400 a R$ 600/kWh. O preço já justifica. Têm várias tecnologias viáveis na faixa de R$ 300/kWh, como a eólica.”

Apesar do expressivo crescimento da geração eólica nos últimos anos, o mercado de pequeno porte ainda é incipiente no Brasil. As instalações estão praticamente restritas a sistemas isolados e universidades. A maior parte dos equipamentos é importada e a Enersud é uma das poucas com tecnologia nacional, acompanhada da carioca Cintrax.

Ambas, porém, produzem em pequena escala. Arouca aponta três medidas essenciais para desenvolver esse mercado: regulamentar a microgeração distribuída, criar uma política pública de estímulo e investir em tecnologia, pois as características dos equipamentos residenciais são diferentes dos usados nas usinas.

“Cada país adota uma política diferente para criar o mercado. Pode incentivar a instalação do equipamento, garantir a compra da energia, reduzir os juros do financiamento. O importante é sinalizar que vai existir demanda. Aí os empreendedores correm atrás.”

Informação de: Ilumina